3.10.11

Novas apresentações: São Carlos e Araçatuba!

Olá companheiros da Cia. Troada!
Felizes estamos por fazer a mala e apresentar A PORTA novamente!
Será um prazer se puder nos assistir, estaremos dia 11 de outubro, terça feira, no SESC São Carlos e dia 17 em Araçatuba, no FESTARA.



SERVIÇO:
11/10/2011, terça, às 20h: Sesc São Carlos
Av. Comendador Alfredo Maffei, 700
Jardim Gibertoni
São Carlos

Oficina - O Despertar da Máscara - c/ Elisa Rossin
11/10 - Terça-feira das 13h30 as 16h30
Local: Galpão do Sesc São Carlos
30 Vagas
Inscrições na central de atendimento

17/10/2011, segunda, às 21h: FESTARA 2011
Teatro Castro Alves
Rua Duque de Caxias, 29 - Centro
Araçatuba

7.6.11

Circulando...!

E a Cia. Troada se prepara para mais uma apresentação em festival, dessa vez inaugurando
um novo campo: o teatro de animação.

Estaremos dias 13 e 14 de junho em Florianópolis, no V FITAFLORIPA: Festival Internacional de Animação. Sempre às 20h, no Teatro Álvaro de Carvalho (Rua Marechal Guilherme, 26 – Centro).

Ainda na programação do Festival, oferecemos a oficina: O Despertar da Máscara, com Elisa Rossin.
Dias 14, 15 e 16 de junho de 2011, das 09 às 13 horas, no Espaço 2 – Centro de Artes - CEART/ Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, 20 vagas, 5 na lista de espera.

Mais informações sobre o Festival aqui.

Forte Abraço!

Cia. Troada.

11.4.11

NOVA TEMPORADA!

E finalmente nesta semana voltamos com A PORTA em uma nova temporada em São Paulo! Aproveite para ver de novo o espetáculo, convidar quem ainda não viu, recomendar, colocar suas impressões aqui no blog, comentar por aí...

Esperamos todos lá! É somente R$10,00 a inteira e R$5,00 a meia entrada. Começa nessa sexta dia 15 e vai até dia 8, sempre de sexta a domingo. Sexta e sábado às 21h e domingo às 20h, no Teatro João Caetano: R. Borges Lagoa, 650, Vila Clementino, tel 5573 3774 e 5549 1744.

Forte abraço!

Cia. Troada.



25.3.11

Mas... aguardem! Nova Temporada no Teatro João Caetano! Começa dia 15 de abril.... Não percam!

8.2.11

A PORTA - iniciando 2011!!!!

A Cia. Troada retoma suas atividades e se prepara para a primeira apresentação do ano no SESC São José dos Campos, dia 17 de fevereiro, quinta-feira, 21h.

Encerramos 2010 após a temporada no Centro Cultural São Paulo e recebemos, carinhosamente, alguns comentários belíssimos. O retorno de pessoas que assistem o espetáculo com sugestões, críticas ou puras impressões, é muito rico para a Cia. Troada!

Compartilhamos abaixo algumas impressões sobre A PORTA. E aguardamos outras!
Feliz 2011 a todos!!!

Forte abraço,
Cia. Troada.
Estou nervoso. Amanhã tenho uma prova teórica do processo seletivo do doutorado em cênicas. Eu deveria ir para a cama. Eu deveria descansar para ter uma boa noite de sono. Talvez eu tenha medo dos sonos intranqüilos se não escrever o que está na minha cabeça. Fui ao CCSP no domingo ver sozinho o espetáculo "A Porta". Quando digo que fui ver sozinho me refiro à ausência de acompanhantes. Afinal, a casa estava cheia com uma platéia atenta aos maravilhosos desempenhos dos atores da Cia. Troada. Como posso dormir hoje sem escrever sobre as máscaras da Elisa, a luz do Du, a direção do Vina e a voz do Ravel? Não quero esquecer. Não quero deixar passar. Todos estes amigos são muito queridos, artistas talentosos, pessoas que admiro e respeito por suas escolhas. Talvez a minha maior emoção tenha sido provocada pela lembrança do curso de máscara que fizemos há mais ou menos dez anos. Era uma turma especial, reunida para aprender com Tiche e Ésio no Barracão Teatro, em Barão Geraldo. Me lembrei também de ver o ator Vina e a atriz Elisa com suas meias máscaras expressivas em uma praça neste mesmo Barão. Me lembrei de tudo isto ali na platéia durante o espetáculo, imaginando o que passaram estes artistas até aquele novo momento que eu testemunhava. Mas posso estar enganado porque toda memória carrega sua confabulação. Esta "memória confabulatória" me foi apresentada em uma conferência de James Fentress no SESC Vila Mariana em 2006. O que pode ser também uma lembrança inventada pela minha memória. Não que eu não tivesse inventado memórias pessoais e coletivas anteriormente (quem não inventou?), mas acreditar nestas memórias como verdadeiras seria algo muito arriscado. A memória ativa e criativa é um desafio ao nosso entendimento do passado e isto se reflete no nosso presente. Se olhada como uma dramaturgia biográfica ela se torna um poderoso instrumento para a construção de uma personagem, de suas falas, seus figurinos e, até mesmo, de seu final "feliz". Eu acreditei no teatro do ator tomado pelo personagem perdido pelas ruas de São Paulo, e acho que o melhor é sempre duvidar do que pensamos ser real. Acho que foi o Quintana quem disse algo como a mentira ser uma verdade que se esqueceu de acontecer. Mas e a verdade? E o real? O que são exatamente? Eu não tenho certeza, mesmo porque, esta frase que penso ser do poeta pode ter sido apenas algo que me foi dito e esquecido e lembrado e esquecido e.......inventado. Um lembrança do que está por vir, ou do que desejei estar.

Paulo Renato Minati Panzeri
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 Quase uma semana, depois que eu assisti ao espetáculo da Troada. Ainda me tocam as imagens. 

Sou um leitor assíduo do Sr. Kafka. Comecei com "A Metamorfose", numa edição em papel jornal que a Revista Caras lançou. Além do famoso texto, havia uma série de contos curtos. Dali em diante, tive que ler tudo o que o homem escreveu.

Tenho sido forçadamente criterioso com os espetáculos que assisto, apesar dos vários amigos incluídos na ficha técnica. Estamos com dois filhos pequenos, que precisam ser despachados para a casa dos avós, em Osasco, a cada vez que resolvemos fazer um programa conjugal. Esse movimento me enche de preguiça várias vezes.

Encontrei a Elisa no dia da inscrição para o Mestrado na ECA e ela me falou do espetáculo. Me deu um cartão da peça e eu me confundi mil vezes, provavelmente irritando-a, achando que se tratava de teatro de bonecos, ou de um infantil. Eu não estava prestando muita atenção, porque o pequeno acorda a cada duas ou três horas na madrugada e eu não consigo repor isso durante o dia. Além disso, tinha que voltar logo para casa, para fazer o almoço.

Comecei a ver links no Facebook com os clipes da peça e resolvi assistir a um deles por curiosidade. "Número Trinta". Genial! Tinha o senso de humor que eu identifico em Kafka. Tinha a dureza, a angústia, as regras estúpidas e rígidas. A rebelião frustrada contra isso… Chamei a Clau, com o cartão na mão, e mostrei o vídeo a ela. Disse: "Clau, vamos ver isso? É do Vinão e da Elisa… Achei muito louco. Lembra o Fezão, que namorava a Laís na época do Frio? Ele fez a dramaturgia."

Desde ali eu me senti o número trinta e um.

Eu sou o trinta e um e na fila estão os outros sete bilhões, sempre com alguém na sua frente e depois de você. Sempre lidando com uma realidade tão absurda, que o sonhar parece mais real e a única saída viável. Insones. Estamos todos insones.

O sonho manipulado, desejando coisas que outros desejam que desejemos. Caralho!

Visualmente impecável. Lindo. A máscara traz o caráter do personagem de saída, logrando o mesmo efeito de uma caricatura, ou de uma história em quadrinhos. A expressão estática do protagonista, sempre surpreso. A dupla de entregadores de documento. A secretária. A simplicidade da solução cenográfica, com elementos perfeitamente amarrados.

Particularmente genial é a associação entre a bolinada no seio da secretária e a cena de sexo, seguida da sedução e dos toques de campainha da cena "Número Trinta". A campainha e o seio da secretária… A sedução e a entrega adiada comparadas à burocracia e aos pequenos poderes. Sexo e morte.

A precisão do elenco me impressionou logo na primeira cena. A partitura perfeita. Isso me lembrava do Belloni e do seu "Frio 36 e Meio", a coisa mais ducaralho que eu já fiz nessa vida. Me lembrava daquela loucura toda, de fazer a coisa exatamente no tempo da música. Me lembrava da sensação.

Eu tinha o tempo todo a maravilhosa sensação de estar sendo iludido. Via o truque e não sabia como o mágico estava fazendo aquilo. O ator se deitava acompanhado na cama e quando a luz voltava, ele estava sozinho de novo. Isso me colocava em estado de sonhar permanente. Tudo seria possível a partir daí.

A luz do Edu era genial. Simples e maravilhosa. Aquele efeito da cadeira de rodas na frente dos set-lights era um desbunde! Ali tínhamos o trem, sem mais nada. As entradas da mulher de chapéu…

Porra, Vinão!
Porra, Elisa!
Porra, Troada! Que espetáculo lindo vocês estão fazendo, hein?
Djair Guilherme
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“Há um prazer secreto na loucura que só os loucos conhecem.”
John Dryden

Para Vinicius,
Acho que o tempo do ser humano não é, e nunca vai ser esse tempo que nós mesmos nos impomos. Não dá pra acompanhar, é um tempo artificial. Mas, vez em quando, podemos parar, não o parar no sentido do sem movimento, pelo contrário, o parar no sentido de dar fluidez ao pensamento, este viajando a uma velocidade quase da luz e ao mesmo tempo flutuando pacientemente.
Esta noite, diante de tal  “representação” de uma pessoa através de muitas, ou das várias facetas de uma mesma, pude parar. Estava apreensiva, tentando absorver cada palavra sem som que estava por vir.
Uma obra de arte não é como um fenômeno que pode ser explicado pela física. Não se pode predizer os resultados, tão pouco alterá-los de antemão aumentando ou diminuindo esta ou outra variável. Primeiro por sua própria natureza de ser única, e, segundo, pela irradiação que ela pode causar em cada espectador, que por sua vez, também é único.
Tudo isso só pra dizer que pude mergulhar um pouco, se é que é possível, na escuridão de um “imaginador”.
Lá tinha de tudo um muito. Sob a sensação envolvente e um tanto quanto tenebrosa de sua loucura, havia uma sutileza de impressões, de sentimentos vívidos, talvez por terem estes sido estes realmente vividos. E mesmo que imaginados, ainda assim eram reais.
Tenho a impressão que vi um pouquinho de você em cada gesto.  Sua ironia, o seu humor, as vezes sarcástico,mas engraçado, mesmo que não me fazendo rir. Senti uma angústia enorme, dancei com a vida e com a morte. Por alguns instantes parei, me transportei e com certeza não voltei a mesma.
Sair da sua zona de conforto faz bem, expande seu campo de visão. Faz você ver e rever o significado de cada sentimento que te compõe. Não importa se foi sonho, pesadelo, pensamento, ou uma “simples” apresentação. Foi um espetáculo!
Adriana Lima.

17.11.10

Últimas apresentações!!!

Nesta quinta, sexta, sábado e domingo (18 a 21 de nov), terminamos a temporada no Centro Cultural São Paulo.

Indicado pela revista BRAVO de novembro como um dos 8 melhores espetáculos, A PORTA esteve em cartaz por um mês na sala Jardel Filho.

Neste final de semana faremos as derradeiras apresentações do ano para retomar em 2011 com força total!

A PORTA teve sua pré-estreia na USP em março de 2010 para estrear oficialmente em julho no SESC Campinas. Em seguida circulou pelos festivais de Campo Grande, Presidente Prudente e Vitória e finalizou o ano com a deliciosa temporada em São Paulo.

Esperamos vocês neste final de semana!
Forte abraço,
Cia. Troada


3.11.10

A PORTA em cartaz no Centro Cultural São Paulo!

De quinta a domingo. Venham!

"A Porta" produz o inesperado no Teatro Universitário



Teatro Universitário lotado. Começa o espetáculo. Breu no palco, ninguém vê nada à frente. Minutos se passam e nada acontece. Até que, num súbito instante, uma forte luz ilumina por milésimos de segundo um pedaço do cenário, revelando um ser estranho sentado em uma cama. A rapidez do flash foi tão grande que pouca coisa foi revelada. Escuridão novamente.
Estava dado o tom sombrio e inesperado que comandou toda a peça “A Porta”, uma das mais aguardadas do 6º Festival Nacional de Teatro Cidade de Vitória. A apresentação foi na noite da última quarta-feira (20), na Universidade Federal do Espírito Santo.
Baseado livremente no livro “Metamorfose”, de Franz Kafka, a peça conta a história de Gregor K. um sujeito atormentado pelos seus sonhos durante a madrugada. Realizado pela paulistana Cia. Troada a montagem mostra todos os sonhos e alucinações do personagem de forma inusitada.
Além de raros momentos em que um narrador tem sua voz amplificada, nenhum dos três atores realiza falas ou apresenta-se sem as máscaras que conferem ao público a possibilidade de adentrar nas loucuras do inconsciente do personagem.
“Acho que foi essa a peça que mais me instigou até agora durante todo o festival. Fiquei encantado com tudo. Não senti falta dos atores falando, até porque eles sabia se expressar muito bem, ainda que seus rostos normais não aparecessem”, comentou a estudante Priscilla Gomes.

25.10.10

Estreia A PORTA esta quinta dia 28 Centro Cultural São Paulo



“Chegaram sonhos, subindo o rio, subindo a parede do cais. Paramos, conversamos com eles; eles sabem muita coisa, mas não sabem de onde vem. Eles se viram para o rio e erguem os braços. Por que levantais os  braços em vez de nos abraçar?”
Franz Kafka

19.10.10

6º Festival Nacional de Teatro de Vitória

Amanhã, 20 de outubro, se os Deuses nos ajudarem e Gregor aparecer, estaremos apresentando A PORTA em Vitória, ES. Venham!!!






15.10.10

Primeira tentativa de entrevista com uma psicóloga

 
A nosso pedido, uma psiquiatra foi até Beto (ou Gregor K, como gosta de ser chamado) e o encontrou no ponto de ônibus. O excesso de pessoas atrapalhava o atendimento adequado. Nós recusamos o uso de sedativo, pois somos contra as drogas. Apesar da confusão, a Dr. Juliana Moura conseguiu se aproximar de Gregor K (Beto). Transcrevemos o único trecho possível da entrevista:

Juliana Moura: Beto ?
Gregor (Beto): (Silêncio)
Juliana Moura: Gregor Samsa ?
Gregor (Beto): (Silêncio)
Juliana Moura: Gregor K ?
Gregor K: Uhjjnjnjnkjxjajkak (som abafado de voz dentro da máscara)
Juliana Moura: Desculpa querido, não entendi...
A partir daí a conversa teve de ser interrompida. Gregor K subiu em um ônibus e perdemos contato.Quem souber notícias de Gregor K, por favor ligue para o número abaixo.
(Se alguém tiver um amigo no Chile, pode começar a repassar este e-mail como corrente?)
55 11 61616691 - Falar com Vinícius









13.10.10

Gregor K perdido pela cidade. Procura-se!

Vejam notícias sobre a fuga do ator
que se confundiu com personagem e saiu pela cidade:
 Se alguém o encontrar, por favor entre em contato: 
info@ciatroada.com.br

8.10.10

Pra lá e pra cá

Depois de passar por Campo Grande (MS) e Presidente Prudente (SP), a Cia. Troada irá para o 6º Festival Nacional de Teatro de Vitória (ES). A apresentação será dia 20 de outubro e em seguida voltamos correndo para estrear dia 28, na temporada do Centro Cultural São Paulo. Venham!

Equipe do espetáculo em trânsito indo pro aeroporto...

...voltando pra casa depois de mais uma missão cumprida!

30.8.10

O debate crítico em torno de A Porta - Nova crítica e resposta


O FENTEPP 28/08/2010 CRÍTICA - Uma questão de tirar o sono A obra de Kafka é marcada pela estranheza. Suas personagens, submetidas a uma constante pressão emocional, estão imersas num mundo de tal forma organizado e alienante que as categorias de tempo, espaço e causalidade se embaralham irremediavelmente. As narrativas kafkianas constituem-se como tentativas falhadas de construção de um sentido, que escapa ao entendimento de suas personagens. Estas, reduzidas quase à deformação, são avassaladas por sua vida interior, que ganha dimensões absolutas. Nesse mundo de imagens deformadas, o herói kafkiano, tenta em vão reconhecer sua humanidade, mas fracassa. Kafka dizia que suas narrativas eram uma representação de sua vida onírica. A Cia. Troada, de Campinas, atenta a essa provocação, se inspira livremente no romance “O Processo”, para criar A Porta, espetáculo que narra uma noite de insônia – a terceira – na vida de Gregor K. (junção emblemática de duas personagens do autor tcheco). Em seu quarto, sem saber ao certo se sonha acordado ou se está dormindo, a personagem se vê às voltas com figuras deformadas que lhe submetem a situações grotescas, obrigando-a a cumprir ordens sem nenhuma justificativa aparente. Para intensificar o apagamento das fronteiras entre realidade e sonho, de forma a criar no público a impressão de estar submerso na mesma atmosfera kafkiana de irrealidade contida em sua obra, a encenação se vale de máscaras que têm a virtude de alterar as dimensões do corpo humano. Assim, as personagens surgem estranhadas por uma deformidade que potencializa sua ação arbitrária. Apesar da contundência das primeiras imagens, esse efeito não está plenamente assimilado pela encenação. É nítido o esforço dos atores em adequar sua gestualidade às exigências da máscara, porém, ainda prevalece certo amesquinhamento naturalista de sua corporeidade em face das potencialidades que a amplificação das feições da máscara lhe faculta. A justeza dessa apropriação levanta um novo desafio, que diz respeito à dramaturgia, ponto frágil e problemático do espetáculo. Uma narrativa em off nos dá notícia da insônia de Gregor K. Sua voz nos esclarece a respeito de sua confusão mental e cria as coordenadas de “leitura” do que vem a seguir. Uma vez estabelecidas as condições para o embaralhamento das referências de tempo, espaço e causalidade, a narrativa cumpre sua função dramatúrgica. A partir dessa primeira intervenção, no entanto, as demais inserções em off tornam-se dispensáveis, já que redundam a mesma informação. Paradoxalmente essa opção da encenação está justificada na medida em que transpõe para a cena o narrador kafkiano e sua dicção burocratizada, isenta de qualquer contaminação emocional, uma voz que se esforça em adequar-se à lógica impessoal de um mundo administrado. Uma voz, que nos termos de Adorno expõe a monstruosidade desse mundo exatamente pela naturalidade com que o apresenta. Diante do exposto, então é lícito perguntar: “onde está o problema?” Não é uma questão de solução simples porque diz respeito à dramaturgia de cada quadro em particular. Para quem conhece “O Processo”, é fácil identificar as personagens que transitam pela encenação. Além de Josef K., surgem o advogado Huld e sua enfermeira Leni, os oficiais que lhe trazem uma intimação e esboços de Fraülein Bürstein e Frau Grubach, diga-se de passagem, caracterizados de forma exemplar. Contudo, os quadros não vão além da apresentação superficial dessas personagens. Suas ações se diluem em jogos pueris, o que acaba por enfraquecer o impacto gerado por suas aparições. Kafka iniciou a fatura de seu romance pela última cena, na qual, Josef K., após um ano de processo contra o qual tenta obstinadamente se defender, é executado nas portas da cidade. Talvez isso tenha ocorrido por Kafka perceber que o único desenlace possível para o processo em que haveria de enredar sua personagem seria sua total aniquilação. Essa radicalidade do argumento não ocorre na dramaturgia de A Porta. Seria o caso de indagar se, ao invés de Gregor K. “retornar à realidade” e a mais uma noite de insônia – a quarta – num movimento circular, o espetáculo não ganharia com o desdobramento do sonho até suas últimas consequências. Talvez essa opção obrigasse a dramaturgia a extrair de cada quadro mais que uma simples apresentação de personagens insólitas, e a aprofundar os liames de sua significação. Fonte: Márcio Marciano / Foto: Fernando Martinez

************************************************************************************ RESPOSTA: Em nossa apresentação no Festival de Teatro de Presidente Prudente sentimos falta do espaço para o encontro. A ausência de debate e contato com a platéia nos privou da possibilidade de dialogar com o público em geral e os artistas da região. No lugar do debate o festival trabalhou com a realização de uma crítica publicada em seu site no dia seguinte à apresentação. Desta maneira uma voz única e especializada deveria ser capaz de verificar se o espetáculo alcançou sua máxima efetividade. Esta crítica isolada, no caso de A Porta, feita pelo diretor e dramaturgo Marcio Marciano, corre assim o risco de estabelecer um padrão de leitura para os espetáculos realizados no festival. Porém, como foi este o único encontro que tivemos, gostaríamos de aprofundá-lo em debate e compartilhá-lo com o leitor deste blog. Muito diferente da crítica recebida em Campinas pelo espetáculo, o texto de Marcio Marciano é rico na possibilidade de estabelecer um diálogo estético aprofundado nos elementos da dramaturgia, o que o autor caracteriza como ponto problemático do espetáculo A Porta. O leitor pode perceber que no princípio da crítica o autor estabelece a sua leitura da obra de Kafka como “marcada pela estranheza”, em que “as categorias de tempo, espaço e causalidade se embaralham irremediavelmente” e com narrativas marcadas por “tentativas falhadas de construção de sentido” . Após pouco falar sobre as máscaras, em que verifica uma gestualidade marcada pelo “amesquinhamento naturalista”, solicitando talvez deste jogo algo mais estilizado, como àquele encontrado na tradição da commedia dell’arte, (o que, diga-se de passagem, é impossível para o jogo com as máscaras realizadas em A Porta) o autor analisa a passagem da narrativa kafkiniana para a dramaturgia de A Porta. Porém os elementos que marcaram previamente a sua leitura da obra de Kafka, na abertura da crítica, são deixados de lado e é com novas ferramentas que o autor vai passar a analisar a obra. E é aí que está o problema. Não está colocado de modo explícito em sua análise a escola de pensamento que o crítico partilha. De qualquer forma, esta crítica não é de modo algum superficial. Foge, assim, da tendência dominante de estabelecer a única possibilidade do teatro como crítica social. Mas não escapa da exigência de uma representação quando pede que o espetáculo possa “aprofundar os liames de sua significação”. Para isto aponta que os quadros não se diluam em “jogos pueris, o que acaba por enfraquecer o impacto gerado por suas aparições”. Ao traçar um paralelo com a obra O Processo (na verdade o espetáculo A Porta está dialogando muito mais com o livro desconexo de sonhos de Kafka), o autor valoriza a organização da narrativa de Kafka, em que iniciou a feitura da obra pela construção da sua ultima cena. A parte a fragilidade deste argumento, pois, como é sabido, Kafka tinha grande dificuldade em terminar seus romances (O Castelo está incompleto, América também, além de que o final de A Metamorfose era rechaçado pelo autor e o final de O Processo foi organizado pelo seu amigo Max Brod), o que queremos destacar é que com isto, a crítica pede da dramaturgia uma radicalidade que elimine seu caráter circular. Porém esta observação caminha por um direcionamento totalmente diferente daquele que a Cia Troada procurou estabelecer e é isto que desejamos compartilhar com o leitor. Este movimento circular, com apresentação de cenas que não se desenvolvem com causalidade, é próprio da dramaturgia expressionista e do drama de estações, de que deriva A Porta. Assim, também, como todo o seu hermetismo está claramente dialogando com a escola simbolista, fundadora desta poética. Embora não esteja claro, podemos supor que a peça modelo com a qual a crítica trabalha em sua analise de A Porta, talvez se assemelhe muito mais às peças de tese (em seus vários modelos realista, naturalista, ou brechtiniano) em que o argumento se desenvolve no choque profundo entre as idéias representadas na obra, o que criaria uma rede de significações desdobradas entre um quadro e outro. Fica evidente que A Cia Troada e a crítica estão dialogando a partir de escolas distintas de teatro. Porém, para enriquecermos o debate crítico dentro da própria linha de trabalho do autor, estabelecemos aqui o que diz Adorno sobre a leveza e o jogo com o absurdo no ensaio A Indústria Cultural. Talvez este argumento deixe mais claro a importância dada pela Cia Troada daquilo que foi denominado como “pueril” no desenvolvimento de cada quadro. Segundo Adorno a diversão, entendida como arte leve, que se apresenta como distração, não é uma forma mórbida ou degenerada e “quem a acusa de traição aos ideais de pura expressão, se ilude quanto à sociedade” Por que esta forma de apreciação estética, por mais ingênua que pareça, coloca o individuo em um movimento intelectual através de um jogo de livres associações. Mas como este tipo de conexão absurda, através de um livre jogo formal, também possibilita a significação, um conteúdo tolo qualquer normalmente é apresentado pelas obras da Indústria Cultural. Porém estes conteúdos nada mais são do que “clichês ideológicos de uma cultura em vias de liquidação” onde ética e bom acabam por vetar como “ingênuo” a diversão descontrolada. É desta maneira que a Indústria Cultural ataca nos dois planos e destrói as formas do leve e do sério.: “... embaixo elimina o que não tem sentido, e em cima o sentido da obra de arte.” . Nos jogos absurdos de A Porta, fica claro que não desejamos aprofundar os liames de sua significação, mas, ao contrário, trocar a estreiteza do significado pela abertura dos sentidos. Assim o palco que a Cia Troada pesquisa é muito mais uma caixa de sensações, do que uma caixa de entendimentos. Vinicius Torres Machado - diretor e dramaturgo da Cia Troada.

21.8.10

O significado de ser Troada

Por ser vida, talvez o teatro nos ajude a senti-la melhor. Senti-la, mais do que compreendê-la. Para além de toda a técnica, somos poetas e usamos da máscara para nos desmascararmos. Nosso palco procura ser o lugar de onde se vê o homem e podemos perceber que sim, nós temos par nisto tudo que é mundo. No atrito que é estar vivo, o som forte gerado é troada, como bombardas disparadas, barulho forte de tambores, som de muitos tiros. Troada é o trovão mais forte que se ouve.

15.8.10

Passagem pelo Festival de Teatro de Campo Grande/ MS

No Festcamp conhecemos o Grupo Teatro Pingo D'água, da cidade de Cordeirópolis/SP, que viajou quinze horas de ônibus para chegar ao festival e, já em Campo Grande, foi direto ao teatro para ensaiar a tarde toda. Os artistas passaram duas horas sobre o palco se apresentando, jantaram e se arrumaram a fim de partir para mais quinze horas de viagem de volta. Eram quase trinta artistas extremamente engajados. O espetáculo, um pouco longo, dava a impressão de que os atores não queriam deixar o palco. Ao saber desta história entendi o por que. A palavra “amador” revelou todo o seu sentido positivo. Amadores eram também todos os envolvidos na organização do evento. Verdadeiros amantes do teatro, levantando um festival com uma força herculínea, apesar das adversidades. Campo Grande não possui uma tradição teatral. O estado de Mato Grosso do Sul, criado em 1977, está fora dos circuitos culturais. O público não está acostumado a ir ao teatro e, assim como em outras cidades brasileiras, aposta encontrar qualidade em espetáculos de atores globais, ditos profissionais, que visitam Campo Grande para ganhar dinheiro em época de cancelamento de contrato. Embasbacado com tamanha entrega de todos nós, os amadores, passei a me perguntar qual o objetivo de um festival de teatro. Nós também, da Cia Troada, uma cia amadora que é, perdemos dinheiro para poder apresentar em Campo Grande. Por que? Ao final do espetáculo A Porta, encontrei um casal de senhores que estavam assistindo a todos os espetáculos do festival. Emocionados, agradeceram a ida do espetáculo até eles. Fiquei feliz em fazer teatro para um público amador. Assim como os primeiros exploradores a chegarem naquela terra, estávamos todos juntos, amadores, abrindo com o facão uma trilha por onde passar uma maior humanização e sensibilidade. O Festicamp está em sua quarta edição, espero voltar em 2030 para acompanhar o seu desenvolvimento. Que o festival cresça e possa refinar a sua curadoria, sua formação de público, mas que mantenha este espírito de congregação, próprio dos amadores e fique longe da possibilidade de se tornar apenas mais um evento na agenda da cidade. Obrigado Campo Grande por ter nos recebido tão bem. Vinicius Torres Machado diretor e dramaturgo da Cia Troada.

11.8.10

Vejam Reportagem no MS/TV Globo em Campo Grande

Teatro de máscaras encanta público em CG Teatro físico, sem texto, mas cheio de imaginação! O teatro de máscaras surpreendeu quem foi ao Festival de Teatro na noite desta terça-feira (10). O Festival Nacional de Teatro em Campo Grande vai até o dia 15 de agosto, domingo. São mais de 20 peças com preços populares.

3.8.10

Próximas apresentações!!!!

Após uma estreia com casa cheia em Campinas, faremos nossas malas para estar dia 10 de agosto apresentando no 4º FESTCAMP-MS, em Campo Grande. http://festcamp.blogspot.com/

Em seguida, dia 27 de agosto nos apresentaremos no XVII FENTEPP, em Presidente Prudente.

Em outubro, dia 20, iremos nos apresentar no 6º Festival Nacional de Teatro de Vitória, no ES.

Estaremos de volta à São Paulo, em temporada no Centro Cultural São Paulo, sala Jardel Filho, de quinta a domingo, de 28 de outubro a 21 de novembro. AGUARDEM NOVIDADES!

Crítica e resposta à crítica - Correio Popular de Campinas

Campartilhamos abaixo a crítica feita pela jornalista Paula Ribeiro, do Jornal Correio Popular de Campinas, para a apresentação do espetáculo A Porta da Cia Troada. Logo em seguida está a resposta publicada no mesmo jornal. Vale a pena ler e refletir sobre o que vem a ser uma mensagem no teatro.

Publicada em 20/7/2010
Caderno C Espetáculo A Porta usa o nome de Kafka em vão
/ CRÍTICA / Peça que integrou festival acompanha homem que sofre de insônia
Paula Ribeiro DA AGÊNCIA ANHANGUERA paula.ribeiro@rac.com.br
Se não integrasse a programação do Festival Internacional de São José do Rio Preto (FIT), cujo objetivo é a “busca pelo novo e o caráter experimental em processos que exploram diferentes formas de comunicação”, talvez A Porta, novo espetáculo da Cia. Troada, que estreou na noite do último domingo, no Sesc-Campinas, não atingisse o público.Amparada pela livre inspiração na obra de Franz Kafka, a peça dirigida por Vinícius Torres Machado se permite fazer quase nenhum sentido e passar mensagem alguma ao público ávido por conhecimento, questionamento, sentimento ou, pelo menos, entretenimento. Frases de efeito e sem sentido são jogadas ao léu por um narrador para quebrar um pouco o silêncio e piorar a não compreensão do público.A Porta mostra a história de Gregor K. — cujo nome só aparece no material de divulgação do espetáculo — um homem que vem sofrendo noites de insônia e, dentro de seu quarto, luta com seus fantasmas, sonhos, taras e medos, na forma de atores mascarados.As máscaras, aliás, são um espetáculo à parte. Muito bem feitas e com expressões híbridas, acabam se tornando alvo da curiosidade e ansiedade do público pela próxima cena. Elas também desafiam os atores que, desprovidos da expressão facial, têm que se fazer entender pela corporal — uma experiência interessante que se completa quando leva o público ao riso.Para isso, são utilizadas técnicas de clown e algum butô. A trilha sonora também conquista. Desde os primeiros acordes de violino, o suspense fica no ar com o tom misterioso das entradas sonoras.A história, porém, mesmo que nonsense, não chega ao público e é longa demais. A 1h10 minutos de espetáculo parece não passar com personagens entrando e saindo do quarto, munidos de um envelope contendo algum documento oficial. Uma intimação, diz o material de divulgação. Mas em nenhum momento isso fica claro na peça. Depois, a luta é pela chave da porta que integra o cenário, que deve ser encontrada e, de alguma forma, livrar Gregor daquele sonho. Ou seria um pesadelo?A peça, portanto, tem que avançar um pouco, em termos de se fazer entender pelo grande público, se quiser mesmo entrar nas temporadas dos teatros fora de festivais experimentais como o FIT. Deve buscar um pouco mais em um dos apoios da tríade teatral: o imaginado ali está, assim como o que se vê, mas quem assiste ainda não está recebendo a mensagem. Qual é ela, afinal?

Publicada em 23/7/2010
Sessão Opinião: Teatro que faça pensar
VINICIUS TORRES MACHADO viniciusvina@yahoo.com.br
Agradeço ao Correio Popular pela divulgação do espetáculo A Porta, da Cia. Troada, e por fomentar discussões por meio do espaço dedicado à crítica teatral. Poder contar com a presença da repórter Paula Ribeiro para a estréia de A Porta, no Sesc-Campinas, no domingo, dia 18 de julho, foi muito valorizado por todos nós da Cia. Troada. Assim, no intuito de que os temas colocados em pauta possam ter o desdobramento que o conteúdo da crítica exige, solicito a publicação deste artigo.Concordo com a jornalista Paula Ribeiro, quando ressalta em seu texto a ausência de uma mensagem clara no espetáculo, em artigo intitulado “Espetáculo A Porta usa nome de Kafka em vão” (Caderno C, 20/7. C2). A jornalista consegue definir com inteligência uma das principais características de nosso trabalho: não oferecer uma mensagem explícita, mas tentar levar o público a refletir, a partir de suas próprias percepções, que decorrem de suas trajetórias e referências. Afinal, precisa de uma mensagem?A Cia Troada prima por perspectiva do teatro moderno que não nasça do pensamento, mas que faça pensar. O objetivo da arte, em suas diferentes manifestações, não é, necessariamente, apresentar um conteúdo claro, mas levar o público a novas formas de reflexão. A teatralidade é um plano autônomo e sua dimensão estética não está subordinada a qualquer discurso científico. Assim, a forma teatral, sua estética, e o conjunto de elementos simbólicos, não deveriam ser entendidos como um desdobramento secundário de um objeto primário definido como uma mensagem. O objeto artístico deve ser considerado como uma reserva de possibilidades, em que todo o discurso se esgota antes de chegar ao seu fim.Quanto à necessidade de se fazer entender pelo grande público, assumimos o risco de propor um tipo de teatro que não acompanhe o padrão da indústria cultural, de consumo rápido e indolor. Nossa proposta é levar o público ao questionamento, como aquele com que a autora do artigo encerra seu texto: “Qual é ela (a mensagem), afinal?”
Vinicius Torres Machado é diretor e dramaturgo da Cia Troada

9.7.10


A PORTA FAZ ESTREIA NACIONAL
NO SESC, EM CAMPINAS, NO DIA 18, DOMINGO

Espetáculo livremente inspirado na obra de Franz Kafka, enfatizando os aspectos oníricos de sua criação, A Porta, da Cia Troada, faz sua estreia nacional na abertura da SESC Temporada de Teatro, em Campinas, no dia 18 de julho, domingo, às 18h. Concebido e dirigido por Vinicius Torres Machado, o espetáculo foi produzido com o apoio do Prêmio Funarte Myriam Muniz de Teatro. A Cia Troada é integrada por artistas formados pela USP e Unicamp, que pesquisam a linguagem da máscara desde 1999, em seus mais diversos trabalhos.

Durante a peça, todos os atores utilizam máscaras inteiras, sem fala, com traços caricaturescos da figura humana. As máscaras do espetáculo, confeccionadas por Elisa Rossin, atriz e mascareira da Cia., são inspiradas na estética da Familie Flöz, referência alemã do teatro de máscaras mundial. Os figurinos foram criados por Elisa Rossin e Eliseu Weide, que trabalha com importantes produções européias de ópera e teatro, incluindo as companhias alemãs Berliner Ensemble e Cia Familie Flöz, de Berlim.

O espetáculo, que conta a história de uma noite de insônia de Gregor, perpassada por pesadelos, apresenta a comicidade da máscara em visita ao universo kafkiano. Nesse encontro, nasce um tipo de humor que tira sua força do sem sentido, do “nonsense”, da brincadeira com o absurdo. A porta do quarto de Gregor se transforma em uma passagem pela qual poderá voltar à realidade. O elenco é formado pelos atores Ana Caldas Lewinsohn, Beto Souza e Elisa Rossin.

O SESC fica no bairro Bonfim, Rua Dom José I, 270/333.

Os ingressos custam de R$ 2,00 a R$ 8,00.
telefone: 19 3737-1500, e-mail: email@campinas.sescsp.org.br

APAREÇAM!!! E ajudem na divulgação!!!

21.6.10

Estreia!!!! 18 de julho SESC Campinas 18h

Estreia do espetáculo A PORTA na abertura da Temporada SESC de Teatro, em Campinas. Em parceria com o FIT- Festival Internacional de Teatro de Rio Preto, esta edição traz produções caracterizadas pela ousadia, a busca pelo novo e o caráter experimental, em processos que exploram diferentes maneiras de comunicação.

Aguardem aqui neste blog trecho de vídeo do espetáculo, para os curiosos...

17.5.10

Esta quarta, 19 maio - Cia. Troada na CPFL Campinas

Sarau Cultural no Café – Ivan Vilela e Paula Ferrão, Trio Mario de Andrade e Ana Caldas Lewinsonh e Elisa Rossin

Com muitos prêmios na bagagem, 14 CDs lançados e carreira internacional, o consagrado violeiro, compositor e pesquisador Ivan Vilela se apresenta com Paula Ferrão, exímia rabequeira.

No repertório teremos composições instrumentais de seus três CDs: “Paisagens”, “Dez Cordas” e “Do Corpo à Raiz”, este último tendo recebido o Prêmio Interações Estéticas da Funarte..

Neste sarau contaremos também com a presença do trio Mário de Andrade, integrado por Joel Giglio (violino), Alexandre Guimarães (cello) e Aci Meyer (piano). No repertório, trechos de seu recital que contém peças de Mendelssohn, Debussy, Piazzolla e Tom Jobim.

Além disso as mácaras invadirão a cena com a número “O Jantar”: mesa posta, luz de velas e uma linda dama! O cheiro está delicioso e o esforço é grande. Com certeza trata-se de romance... Com uma pitada de passagens inusitadas, O Jantar é recheado de máscaras inteiras e humor nonsense. Atrás das máscaras estarão as atrizes Ana Caldas Lewinsonh e Elisa Rossin: mascareiras, atrizes e pesquisadoras Cênicas da Unicamp e USP.

Ivan Vilela e Paula Ferrão – Ivan Vilela (violeiro) e Paula Ferrão (rabequeira)
Trio Mario de Andrade – Joel Giglio (violino), Alexandre Guimarães (cello) e Aci Meyer (piano)
Ana Caldas Lewinsonh e Elisa Rossin – mascareiras, atrizes e pesquisadoras Cênicas da Unicamp e Usp

Data: 19 de maio
Horário: 20h
Programação gratuita e por ordem de chegada a partir das 19h. A cpfl cultura em Campinas fica na rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1632 – Chácara Primavera. Mais informações pelo telefone (19) 3756-8000
Data: 
19/05/2010
Hora: 
20:00

8.12.09

17.11.09

Sinopse

É madrugada. Mais uma noite de insônia. A terceira em seguida. Porém, sozinho em seu quarto, Gregor K. já não sabe se está acordado. Sente que dorme, por assim dizer, fora de si, enquanto ele mesmo está trancado com seus sonhos. Dentre eles uma dupla de oficiais que lhe traz uma intimação. As obrigações a cumprir: encontrar a chave, sair de si mesmo e voltar a dormir. A porta de seu quarto se transformou em uma passagem. É por ela que Gregor K. poderá voltar à realidade.

O espetáculo é livremente inspirado na obra do escritor Franz Kafka enfatizando os aspectos oníricos de sua criação. Para isto, a Cia. Troada realiza uma investigação de máscaras inteiras que são o exagero caricatural da figura humana. Esta composição se aproxima da linguagem dos quadrinhos destacando os aspectos cômicos e imagéticos da cena para a construção de um universo surrealista e de humor “nonsense”.

Sobre a Máscara



 O trabalho se orienta pela linguagem da máscara, um conjunto de proposições que envolvem uma maneira própria de representação calcada na construção de figuras e no jogo cênico. Todos os integrantes do espetáculo utilizam máscaras inteiras com traços caricaturescos. Estas máscaras se aproximam do teatro de bonecos, o que possibilita uma grande exploração da visualidade da cena pretendida pela encenação. As máscaras do espetáculo A Porta são inspiradas na estética da Cia Familie Flöz, importante referência do teatro de máscaras mundial, situada na Alemanha, onde a atriz e mascareira da Cia. Troada Elisa Rossin realizou estágio no primeiro semestre de 2008 nas áreas de confecção de máscaras e assistência de direção durante a montagem do espetáculo Hotel Paradiso.
 Este aprimoramento da máscara realizado pela Cia. Troada e direcionado por Elisa Rossin, só é possível após um longo período de estudo e confecção de máscaras que teve início em 1999 incluindo sua participação no curso XXIV Edizione del Seminario-Laboratorio Internazionale “ARTE DELLA MASCHERA”, no Centro Maschere e Strutture Gestuali, com Donato Sartore.

O espetáculo A Porta

A história de uma noite de insônia de Gregor perpassada por pesadelos confirma que o que salta neste espetáculo é o contraste. Assim, é da mesma maneira que A Porta apresenta a comicidade da máscara em visita ao universo kafkiano. Neste encontro nasce um tipo de humor que tira sua força do sem sentido, do “nonsense”, da brincadeira com o absurdo. Ao mesmo tempo, o universo de Kafka gera imagens que conduzem este humor para uma atmosfera mais onírica. Como resultado o riso e a força das imagens unem-se conferindo a tônica do espetáculo.

A atmosfera noturna da cena é construída com o palco recortado por poucas zonas iluminadas. O jogo de luz e sombra apresenta de início um quarto em que se passam as noites de insônia. Porém, o mesmo quarto torna-se o lugar onde se desenvolverá a narrativa dos pesadelos de Gregor. A iluminação recortada vai aos poucos oferecendo o contorno do espaço de cena e o que vemos são pedaços da consciência de Gregor que irão se fundir, se sobrepor e se contrapor.

Na criação desta atmosfera a música composta diretamente para o espetáculo tem função fundamental. Por se tratar de um espetáculo de máscaras inteiras, portanto sem fala, exploramos fortemente a sua sonoridade. Assim, a trilha acompanha o desenvolvimento da ação, suprindo as intenções e atmosferas que a ausência de falas poderia causar. Trata-se de uma composição minimalista que por vezes ganha um contorno melódico instaurando o clima da cena. Além disto, variados efeitos sonoros são utilizados para criar um ambiente fortemente sensorial e expressar o caráter fantástico presente no espetáculo.

Mas grande parte desta forte composição imagética do espetáculo fica a cargo do figurino. Este compõe, junto com a máscara, a caracterização fantástica das personagens. Trabalhado com enchimentos, sobreposição de materiais e tons mais escuros, segue a linha principal da encenação ao dialogar com o universo dos quadrinhos. Vale destacar que os figurinos de A Porta foram criados por Eliseu Weide, figurinista que trabalha com importantes produções européias de ópera e teatro incluindo Berliner Ensemble.

Com todos estes elementos, fica claro que a orientação do espetáculo A Porta foi para a construção de uma obra singular na atmosfera criada com as imagens kafkianas, sem deixar de ser ao mesmo tempo comunicativo e divertido no jogo estabelecido com as máscaras.